terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Papai Chifrudo e Mamãe Luazinha

 São incansáveis textos que encontramos a devoção paternal e maternal aos deuses, mas seriam estes cultuados de uma forma de igual dependência em eras antigas? Em um sentido romantizado encontramos muitas formas de mencionar o culto aos deuses, tal como a mãe natureza/ filhos da natureza, mas devemos entender que os deuses são mais do que as necessidades psicológicas dos homens, eles simplesmente mão são paternos e maternos, não são nossos pais e mães, muito embora existam famílias que traçam sua linha genealógica com a mitológica, mas nesse caso, os deuses seriam no máximo ancestrais, contudo nunca papai e mamãe!

A Bruxaria Tradicional não é um caminho obscuro tal como não é um caminho rosa, é um caminho fluídico de entendimento sobre a sabedoria da Floresta, da essência pagã, contudo sem manter as falsas ilusões que muitos caem, exige comprometimento, profundidade, hoje vemos a banalização da mitologia utilizando do tarô como uma bíblia esotérica; observamos erros com desculpas esotéricas que o planeta X, Y e Z estavam no momento errado, que as combinações astrológicas combinadas com runas e o jogo de búzios desenvolveram um tramitar específico do destino!

Na Bruxaria Tradicional, que preza pelas origens, pela ancestralidade, o bruxo escolhe seu tramitar, ele decide qual paisagem quer seguir.

Hoje tal como há 30 anos as pessoas se contentam com muito pouco, preferem transitar na superficialidade da Terra a enfrentar o seu caos interior para poder renascer das cinzas do seu passado, elas ainda precisam se sentir maternalmente ligadas as divindades, preferem se reunir em locais abertos, tomar vinho barato, acender velas e incensos, vestir roupas que chamam a atenção, falar de dragões e unicórnios, de demônios ou falar de fadinhas comedoras de maçãs, terminam bêbadas ou drogadas e ao pisarem no asfalto vestem as caras de mal, viram vítimas, rebeldes sem causa, montam blog, ofendem pessoas na internet e no final estão lá vendendo cursinhos de coisas que não conhecem, batendo tambor, fazendo mapa astral ou jogando tarô.


Seguramente que nenhum tradicionalista iria por este caminho e certamente não iria ficar tão focado em um deus de chifres e sua consorte, pois separar o culto entre masculino e feminino não é base de nossas crenças na Bruxaria Tradicional, ou seja, não cultuamos um casal divino bem como não o temos como pai e mãe, mesmo que disfarçando em Diabo e Nossa Senhora da Encruzilhada ou Hades e Perséfone.



Por estas questões temos que esclarecer que a Bruxaria Tradicional, esta muito além do que as pessoas têm por entendimento, não temos a preocupação de cultuar os deuses no formato de casais, não temos a obrigatoriedade de realizar iniciações entre sacerdote e aprendiz intercalando por sexo (mulheres só iniciam homens e vice-versa), tal como não temos ligações com a ideologia feminista. Esta é uma preocupação de movimentos místicos da era moderna.

Os bruxos tradicionais definem sua Manifestação Mágica como uma Religião (Crença), no qual os bruxos cultuam as divindades da Terra e dos outros Mundos ...

O que chamamos hoje de “Antiga Religião” (Bruxaria) possui necessariamente relação direta e ancestral com os cultos antigos pagãos, as crenças advindas da Floresta.

 Sorginkeria - Bruxaria Tradicional Basca