Este artigo é um desafio pessoal, digo isso, pois dentro de nós temos o
ideal e temos o real, o ideal me diz que devemos ser gentis com o nosso ideal
espiritualizado em ajudar o próximo, fazer caridade, tirar pessoas de situações
ruins e dar um exemplo de amor para com todos os nossos irmãos espirituais de
forma a criar sempre uma corrente do bem. É uma visão que confesso ser do tipo
"Poliana" e utópica, pois quanto mais conhecemos a humanidade, mais
vontade temos de nos afastar, convenhamos!
Agora o lado real, tudo na vida tem um custo, e como o famoso ditado
"Não Existe Almoço Grátis", e existem variáveis diversas, algumas
poderemos financeiramente dar um custo outras são valores importantes, mas que
a avaliação passa de forma individual e imaterial, o exemplo disso é o tempo,
dizem conforme outro ditado que "Tempo é Dinheiro" como precificar
esta questão?
Vamos dar um exemplo de um psicólogo que
cobra genericamente para ouvir
pessoas e dar orientação, qual a diferença para o ofício de um
sacerdote, de certo algumas, porém o foco é tornar as pessoas felizes
para com elas e o que esta ao redor delas!
Alguns vão dizer que o psicólogo estudou por quatro anos e isto esta
correto,
mas quantos que seguem um caminho sério ocultista estudaram? Eu conheço
mestres
que se dedicaram grande parte de suas vidas, 15, 30, 50 anos, pessoas
que
atravessaram continentes em busca de trabalho de campo, com custos com
livros
aos quais muitos baseados nas áreas acadêmicas, quanto custa tudo isso?
Quanto
custa a dedicação de uma vida?
Agora a parte fácil! Quantos telefonemas você como orientador deu, quantos
recebeu? E para receber teve que comprar o seu telefone, e se for fixo tem a
taxa fixa da empresa de telefonia, você chegou a pensar nisso? Logicamente que não! E de
ir até os locais de culto ou na residência das pessoas, quanto de combustível,
quanto você destinou para a depreciação do seu veículo, em contabilidade, senão
me engano é 5% ao ano, contudo você teve que comprar um veículo e pode ter
financiado e ai entraram os juros bancários, mas tudo isso passa despercebido,
até mesmo quando você enche o seu carro de objetos ritualísticos ou pessoas
detonando seus amortecedores.
Chegando ao local tem o aluguel para pagar, o dono do local não esta nem ai
se você faz filantropia, ele quer o seu pagamento, o que é justo, afinal ele
trabalhou para ter o bem, e se você já é proprietário, quanto te custou? Quem
vai pagar o gás, a energia elétrica, agua e os impostos, e senão houver
impostos, vai que você tenha isenção por templo religioso, quanto pagou de
documentação para registrar isso em cartório? Ah mas eu faço tudo pela
internet, posso fazer de graça! Outro engano, quem comprou o seu computador?
Quanto custa o serviço de internet, o domínio do seu site, sua hospedagem,
energia eletrica, quanto tempo você fica na frente dele e que nesse tempo você poderia estar se
dedicando a lazer ou mesmo trabalhando?
Ufa! Esta ficando difícil e você começa a
compreender que ser um sacerdote
sem custo tem custado muito para a sua pessoa física! Mas não termina
ai, tem o
material de ritualística, têm os incensos, velas, essências, e como são
caras
essas coisas em lojas esotéricas, então você passa a buscar em outros
locais e
a gastar mais combustível para encontrar algo mais barato, ledo engano, o
que
ganhou nos valores dos produtos perdeu em combustível! Mas tudo bem, no
seu
espaço as pessoas trazem incenso, fazem a fogueira e eu não tenho este
custo......
"todo mundo é fraterno" e ai começa os resmungos, que o sujeito X faz
menos que o sujeito Y, que começa a questionar o que ele gasta com o que
você
possa recolher de ajuda de custo, começam as dúvidas de idoneidade, a
discordar de como você dirige as esmolas que recebe e a "imensa fortuna"
em notas de 5 e 2 reais, afinal você esta cobrando e não é mais digno
de cuidar da espiritualidade de ninguém, e você passa de mestre a
desvirtuador em um piscar de olhos, esquecendo naturalmente de todo o
conhecimento passado, das ajudas oferecidas, das orientações, abraços
apertados e do tempo dedicado.
Então chega o momento que você olha para o passado e observa que todas
aquelas pessoas humildes e amigas lhe viram as costas, na melhor das hipóteses,
a grande maioria sai te difamando aos quatro cantos, e de mestre bondoso você
passa por agiota da espiritualidade e estrelinha da mídia.
Na vida todos nós esperamos a
contrapartida, você dá amor e quer receber
carinho, você dá atenção e quer companherismo, você é fraterno e quer
fraternidade, você ensina e quer um aprendiz que aprenda, não adianta se
iludir que você é auto-suficiente, isso faz parte da necessidade
humana, a humanidade vai
encontrar sempre um modo de equilibrar o fazer com o receber e às vezes
passa despercebido,
tal como a mulher que não tem a atenção recebida que torra sua
frustração
no cartão de crédito ou do homem que bebe para ser "feliz", sejamos
verdadeiros com relação as nossas válvulas de escape.
Analisando a questão, ser mestre pode ser um mau negócio financeiramente falando, pois nessa luta de dois
cães bravos, o idealista e o realista vai lhe gerar apenas frustração e quebra
financeira. O que estou dizendo com isso? Que você não ensine mais, pois as
cobranças emocionais e financeiras são duras? NÃO! Digo para que seja lúcido e
reveja que dinheiro é apenas retribuição e se você trabalhar bem com essa
energia será uma pessoa próspera e feliz, que toda essa questão de punir o
dinheiro é uma ilusão e que existe a necessidade real da contribuição de alguma
forma e pode ter certeza que existem "contribuições" que ficam bem
mais caras do que dinheiro!
Dai um dia você acorda e percebe que vive de esperança e idealismo e que
isto é problema exclusivamente seu, pois a grande maioria lhe será ingrata e
ficará feliz quando pelo menos não lhe forem grata.
Para muitas pessoas a moeda é um tabo, mas entendendo que nossa sociedade
trabalha dessa forma e que para se ter um sonho concretizado e aqui me refiro a
um espaço físico próprio, por exemplo, que lhe proporcionará, caso queria, um modo mais real
até de praticar caridade, é preciso ser consciente dessa energia, e quando digo
isso me baseio no equilíbrio, sendo justo e honesto, valorizando o seu
tempo e o seu conhecimento.
Dentro do segmento especifico da Bruxaria Tradicional temos um pacto com a
prosperidade, isso não quer dizer que você precisa extorquir alguém, mas que
você deve se analisar com propriedade e entender de forma justa quanto vale o seu trabalho e o
quanto as pessoas lhe dão de trabalho! Pois críticas e elogios virão
independentes se existe ou não a contrapartida financeira, nem mesmo o desapegado e caridoso esta livre do julgamento.