sexta-feira, 22 de junho de 2012

Cobrar ou Não eis a Questão

BRUXARIA TRADICIONAL: Cobrar ou Não eis a Questão

Este artigo é um desafio pessoal, digo isso, pois dentro de nós temos o ideal e temos o real, o ideal me diz que devemos ser gentis com o nosso ideal espiritualizado em ajudar o próximo, fazer caridade, tirar pessoas de situações ruins e dar um exemplo de amor para com todos os nossos irmãos espirituais de forma a criar sempre uma corrente do bem. É uma visão que confesso ser do tipo "Poliana" e utópica, pois quanto mais conhecemos a humanidade, mais vontade temos de nos afastar, convenhamos!
Agora o lado real, tudo na vida tem um custo, e como o famoso ditado "Não Existe Almoço Grátis", e existem variáveis diversas, algumas poderemos financeiramente dar um custo outras são valores importantes, mas que a avaliação passa de forma individual e imaterial, o exemplo disso é o tempo, dizem conforme outro ditado que "Tempo é Dinheiro" como precificar esta questão?
Vamos dar um exemplo de um psicólogo que cobra genericamente para ouvir pessoas e dar orientação, qual a diferença para o ofício de um sacerdote, de certo algumas, porém o foco é tornar as pessoas felizes para com elas e o que esta ao redor delas! Alguns vão dizer que o psicólogo estudou por quatro anos e isto esta correto, mas quantos que seguem um caminho sério ocultista estudaram? Eu conheço mestres que se dedicaram grande parte de suas vidas, 15, 30, 50 anos, pessoas que atravessaram continentes em busca de trabalho de campo, com custos com livros aos quais muitos baseados nas áreas acadêmicas, quanto custa tudo isso? Quanto custa a dedicação de uma vida?
Agora a parte fácil! Quantos telefonemas você como orientador deu, quantos recebeu? E para receber teve que comprar o seu telefone, e se for fixo tem a taxa fixa da empresa de telefonia, você chegou a pensar nisso? Logicamente que não! E de ir até os locais de culto ou na residência das pessoas, quanto de combustível, quanto você destinou para a depreciação do seu veículo, em contabilidade, senão me engano é 5% ao ano, contudo você teve que comprar um veículo e pode ter financiado e ai entraram os juros bancários, mas tudo isso passa despercebido, até mesmo quando você enche o seu carro de objetos ritualísticos ou pessoas detonando seus amortecedores.
Chegando ao local tem o aluguel para pagar, o dono do local não esta nem ai se você faz filantropia, ele quer o seu pagamento, o que é justo, afinal ele trabalhou para ter o bem, e se você já é proprietário, quanto te custou? Quem vai pagar o gás, a energia elétrica, agua e os impostos, e senão houver impostos, vai que você tenha isenção por templo religioso, quanto pagou de documentação para registrar isso em cartório? Ah mas eu faço tudo pela internet, posso fazer de graça! Outro engano, quem comprou o seu computador? Quanto custa o serviço de internet, o domínio do seu site, sua hospedagem, energia eletrica, quanto tempo você fica na frente dele e que nesse tempo você poderia estar se dedicando a lazer ou mesmo trabalhando?
Ufa! Esta ficando difícil e você começa a compreender que ser um sacerdote sem custo tem custado muito para a sua pessoa física! Mas não termina ai, tem o material de ritualística, têm os incensos, velas, essências, e como são caras essas coisas em lojas esotéricas, então você passa a buscar em outros locais e a gastar mais combustível para encontrar algo mais barato, ledo engano, o que ganhou nos valores dos produtos perdeu em combustível! Mas tudo bem, no seu espaço as pessoas trazem incenso, fazem a fogueira e eu não tenho este custo...... "todo mundo é fraterno" e ai começa os resmungos, que o sujeito X faz menos que o sujeito Y, que começa a questionar o que ele gasta com o que você possa recolher de ajuda de custo, começam as dúvidas de idoneidade, a discordar de como você dirige as esmolas que recebe e a "imensa fortuna" em notas de 5 e 2 reais, afinal você esta cobrando e não é mais digno de cuidar da espiritualidade de ninguém, e você passa de mestre a desvirtuador em um piscar de olhos, esquecendo naturalmente de todo o conhecimento passado, das ajudas oferecidas, das orientações, abraços apertados e do tempo dedicado.
Então chega o momento que você olha para o passado e observa que todas aquelas pessoas humildes e amigas lhe viram as costas, na melhor das hipóteses, a grande maioria sai te difamando aos quatro cantos, e de mestre bondoso você passa por agiota da espiritualidade e estrelinha da mídia.
Na vida todos nós esperamos a contrapartida, você dá amor e quer receber carinho, você dá atenção e quer companherismo, você é fraterno e quer fraternidade, você ensina e quer um aprendiz que aprenda, não adianta se iludir que você é auto-suficiente, isso faz parte da necessidade humana, a humanidade vai encontrar sempre um modo de equilibrar o fazer com o receber e às vezes passa despercebido, tal como a mulher que não tem a atenção recebida que torra sua frustração no cartão de crédito ou do homem que bebe para ser "feliz", sejamos verdadeiros com relação as nossas válvulas de escape.
Analisando a questão, ser mestre pode ser um mau negócio financeiramente falando, pois nessa luta de dois cães bravos, o idealista e o realista vai lhe gerar apenas frustração e quebra financeira. O que estou dizendo com isso? Que você não ensine mais, pois as cobranças emocionais e financeiras são duras? NÃO! Digo para que seja lúcido e reveja que dinheiro é apenas retribuição e se você trabalhar bem com essa energia será uma pessoa próspera e feliz, que toda essa questão de punir o dinheiro é uma ilusão e que existe a necessidade real da contribuição de alguma forma e pode ter certeza que existem "contribuições" que ficam bem mais caras do que dinheiro!
Dai um dia você acorda e percebe que vive de esperança e idealismo e que isto é problema exclusivamente seu, pois a grande maioria lhe será ingrata e ficará feliz quando pelo menos não lhe forem grata.
Para muitas pessoas a moeda é um tabo, mas entendendo que nossa sociedade trabalha dessa forma e que para se ter um sonho concretizado e aqui me refiro a um espaço físico próprio, por exemplo, que lhe proporcionará, caso queria, um modo mais real até de praticar caridade, é preciso ser consciente dessa energia, e quando digo isso me baseio no equilíbrio, sendo justo e honesto, valorizando o seu tempo e o seu conhecimento.
Dentro do segmento especifico da Bruxaria Tradicional temos um pacto com a prosperidade, isso não quer dizer que você precisa extorquir alguém, mas que você deve se analisar com propriedade e entender de forma justa quanto vale o seu trabalho e o quanto as pessoas lhe dão de trabalho! Pois críticas e elogios virão independentes se existe ou não a contrapartida financeira, nem mesmo o desapegado e caridoso esta livre do julgamento.